6h da manhã. Hora de acordar, despertar para mais um dia de trânsito congestionado, mãos miseráveis que suplicam piedade. Mais um dia repleto de cores, não as cores de Almodóvar, mas as cores da cidade e de suas pessoas. Desperta então a mulher, ela coloca seus chinelos e espreguiçando-se lava o rosto e os dentes e a língua. Escolhe a roupa, diante do espelho uma mulher ausente de cores, veste negro, não pelo luto, mas sim pelo temor de seus desejos que ardentes mancham seus lábios de vermelho, a cor do batom é a mesma da alma plena de emoções que ao final do dia revelam-se dança, e ela dança e gira e se esfrega na saia rodada com flores e babados que serpenteiam a imagem daquele que ela busca satisfazer quando de um só golpe o negro pano desnuda o corpo pálido cheio de vergonhas.
2 comentários:
Negro e vermelho... perigosa combinação!
Este despertar ciente das isérias e o medo dos desejos só acaba quando ela fica, enfim, nua?
acho que a roupa funciona como uma conotação pro comportamento social "adequado", é a aquela vozinha dizendo: "comporte-se, menina".
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