Os dias estão enxarcados, a chuva não dá um minuto de trégua, estamos todos cansados e úmidos, de pés doloridos da marcha incansável pela satisfação de desejos reprimidos pelas águas que impedem todos de se ver, há uma cortina líquida impenetrável separando afetos e tornando palavras antes ternas, agora brutas. É como um "ensaio sobre a liquidez", onde nossos monstros aquáticos emergem do mais profundo abismo oceânico existente no nosso subconsciente e passam a habitar um ecossistema estranho ao seu mundo. Estamos assim, como criaturas em metaformose, de uma fase terrestre, com flores e coloridos diversos, a uma era de vida líquida, como num desfecho de Magnólia, as chuvas são de sapos e pererecas, nada mais segue a ordem natural do sol, porque não há mais sol, só nuvens carregadas de saudade de tempos quando podíamos caminhar com pés descalços na grama, de mãos dadas com os amigos, bronzeando a pele pálida do inverno de ontem.
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