Consumir luxo em um país de poucos ricos como é o caso do Brasil, não é algo estúpido ou impensável, mas é preciso antes de qualquer coisa, pensar que esta nação é formada por uma mistura infinita de classes sociais, estilos de vida, gostos e “culturalidades”. Portanto, ao consumir luxo, no caso, perfumes de luxo, não significa que o comprador é luxuoso, mas que dentro do seu contexto atual ele tem algo que o seduz para ter e ser um pouco luxuoso, mesmo que a roupa não combine que a vida seja igual a dos brasileiros comuns como a grande maioria. Patrik Charaudeau convida a pensar sobre o discurso publicitário, sobre a interpretação daquilo que se anuncia em capas de revistas, em outdoors, em mídias de tantas naturezas...
E a partir de então, como seria possível pensar uma análise do discurso de produtos de luxo em um país subdesenvolvido? É preciso pensar no sujeito que compra e de que maneira ele se comporta diante da idéia metafórica sobre o produto, no caso desse estudo, do perfume. Interpretar o interpretante. Aceitar que o consumo de luxo no Brasil também é feito por pessoas da classe média, que um jovem estudante pode usar CK One e andar de ônibus; perfumar-se com Trésor e não estar em Paris com casacos de pele, mas sim em um lugar onde o gosto de vida das pessoas é agendado pela televisão e pelas revistas de moda, pelas tradições herdadas e pelo poder de seu bolso assalariado. Quizá todo esse discurso pareça um mero clichê, mas a verdade é que no Brasil o povo gosta de misturar, de não ser uniforme, mesmo nas mais altas classes, sempre há uma peculiaridade. Sendo assim, os estudos de P. Charaudeau servem para que seja possível perceber detalhadamente esse aspecto do consumo de luxo e pensar sobre o mercado de luxo no Brasil de acordo com seus consumidores interpretantes.
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