Amor de Rapunzel

Dizem que o amor não se explica nem pode ser teorizado. Dizem que um dia a gente encontra aquele amor de cinema, que vai ser para sempre e arrebatador. Dizem muitas coisas sobre o amor. O que não dizem é que ele não existe, aquele amor eterno é só mais um episódio dos contos de fada, um incentivo para virar a página e continuar lendo, senão tivéssemos a esperança de um final feliz nem abriríamos o livro, mas também não conheceríamos Rapunzel, nem Aurora ou Cinderela, e com isso nós não teríamos o prazer de conhecer o Príncipe Encantado.

Vejo filmes e tudo é sempre tão lindo e suavemente triste ou utópico. Vejo a realidade e é tudo tão frio, tão ardente, tão paradoxal, mas nada me parece com o tal amor, mesmo que tenha um ar de romance. Tudo me remete ao universo sexual, o que as pessoas chamam de amor, na minha concepção é desejo, algo efêmero, que na próxima festa, no próximo recadinho no Orkut ou conversa on-line, já terá acabado, o encanto terá sido desfeito como se nada houvesse.

O amor não é mais tolerável diante da velocidade das pessoas e dos acontecimentos, ele amedronta os seres sensíveis, os amantes hipotéticos, aqueles que fariam bem o papel de príncipes encantados, mas esses já estão confusos, acuados e relegados ao papel coadjuvante de admiradores da lua, mascarados de canalhas patifes, mas tudo que sentem é medo de encontrar um indigente chamado Amor.