Dubai, uma antiga aldeia de pescadores e coletores de pérolas, é hoje a maior cidade dos Emirados Árabes Unidos, foi um dos temas mais atraentes no Destinations 2006, o Fórum Mundial de Turismo, cujo tema era o desenvolvimento sustentável e a luta pela paz. Pois bem, a questão é que devido a megalomania dos empreendedores dessa cidade, eles constroem prédios enormes, em 2010 dizem que terão o maior aeroporto do mundo, e isso tudo por pura vaidade, não tem nada a ver com atendimento ao público, com suprir as necessidades turísticas e sociais do local, não, é apenas pra dizer "eu tenho o maior do mundo". Seria isso um complexo de inferioridade? Uma carência afetiva instituída no ego de cada empresário de Dubai?
Em Dubai eles construíram uma nova Babel, algo que seria a concretização da teoria da Aldeia Global, onde todos os povos se encontram e celebram suas manifestações culturais. Até aí, tudo bem, mas a maneira como isso está sendo manipulado para o mercado é algo extremamente contraditório ao tema do Fórum.
Dois pontos me chamaram a atenção. Primeiro, diante do discurso do Sr. H. Mustafa, não é mais preciso ir à Índia para conhecer o Taj Mahal, basta ir à Dubai, lá eles construiram um igualzinho, com 80% do tamanho original. Como assim? Isso é lutar pelo desenvolvimento sustentável e pela paz? Nada contra a construção da réplica, mas daí a dizer que as pessoas não precisam ir ao Taj Mahal original é um absurdo, pois trata-se de um templo, além de ser um dos ícones arquitetônicos da humanidade, pertence à identidade coletiva da Índia, não é simplesmente um atrativo turístico, como se tanto faz se está num parque temático ou em Agra. Segundo ponto, quando questionaram sobre a população local, os impactos causados com a interferência de tantas identidades juntas, o nosso caríssimo palestrante simplesmente disse: "as pessoas vivem muito bem lá". Ou seja, pouco importa se a identidade local está sendo preservada, os lucros são mais importantes, o poder de consumo passou a ser um índice de desenvolvimento da qualidade de vida das pessoas; fatores como bem-estar, respeito às manifestações religiosas, conservação do patrimônio natural, nada disso foi relevante no discurso entusiasmado da manhã de 1° de Dezembro.
Como turismóloga fiquei apavorada ao perceber o rumo que as coisas estão tomando, principalmente nas mãos de quem têm alto poder aquisitivo e passam longe da luta pelo desenvolvimento sustentável. Se o discurso dele fosse focado na idéia de que Dubai é um lugar onde os povos se encontram e podem conviver tranquilamente e relativizar a alteridade, fazendo com que os conflitos religiosos e étnicos fossem gradativamente eliminados da comunidade global, eu seria a primeira a aplaudir, mas diante do exposto, sou umas das muitas a temer.
Em Dubai eles construíram uma nova Babel, algo que seria a concretização da teoria da Aldeia Global, onde todos os povos se encontram e celebram suas manifestações culturais. Até aí, tudo bem, mas a maneira como isso está sendo manipulado para o mercado é algo extremamente contraditório ao tema do Fórum.
Dois pontos me chamaram a atenção. Primeiro, diante do discurso do Sr. H. Mustafa, não é mais preciso ir à Índia para conhecer o Taj Mahal, basta ir à Dubai, lá eles construiram um igualzinho, com 80% do tamanho original. Como assim? Isso é lutar pelo desenvolvimento sustentável e pela paz? Nada contra a construção da réplica, mas daí a dizer que as pessoas não precisam ir ao Taj Mahal original é um absurdo, pois trata-se de um templo, além de ser um dos ícones arquitetônicos da humanidade, pertence à identidade coletiva da Índia, não é simplesmente um atrativo turístico, como se tanto faz se está num parque temático ou em Agra. Segundo ponto, quando questionaram sobre a população local, os impactos causados com a interferência de tantas identidades juntas, o nosso caríssimo palestrante simplesmente disse: "as pessoas vivem muito bem lá". Ou seja, pouco importa se a identidade local está sendo preservada, os lucros são mais importantes, o poder de consumo passou a ser um índice de desenvolvimento da qualidade de vida das pessoas; fatores como bem-estar, respeito às manifestações religiosas, conservação do patrimônio natural, nada disso foi relevante no discurso entusiasmado da manhã de 1° de Dezembro.
Como turismóloga fiquei apavorada ao perceber o rumo que as coisas estão tomando, principalmente nas mãos de quem têm alto poder aquisitivo e passam longe da luta pelo desenvolvimento sustentável. Se o discurso dele fosse focado na idéia de que Dubai é um lugar onde os povos se encontram e podem conviver tranquilamente e relativizar a alteridade, fazendo com que os conflitos religiosos e étnicos fossem gradativamente eliminados da comunidade global, eu seria a primeira a aplaudir, mas diante do exposto, sou umas das muitas a temer.
5 comentários:
é...sorte tua que em 2010 estarás em Praga :)
Os planos absurdos e a visão capitalista e egocêntrica do representante Do Global Village,não surpreendem só a ti, que como turismóloga teme pelo rompimento de sentimentos e identidades que este complexo vem trazendo. Eu além de Turismóloga, uma apreciadora de patrimônio e identidade social fico abismada com a cara de pau desse sr, que perante Bachareis em turimos solicita apresença de todos em Dubai... e que Paris e Índia podem ficar lado a lado... é só querermos!
Se o turista gosta...não sei, mas se a Humanidade aprova... onde estamos???
Pior é quando o objeto de temor está a poucos metros da gente. Aqui no curso fizeram uma camisa onde aparece um turista com camisa floreada e máquina fotográfica com os pés em cima do logo (sim, o planetinha com as setas em volta; e o pior é que teve boa vendagem, haeiuhuiaehia. Eu me apavorei porque reclamei sozinho sabe? Não dá pena da Nara, Renata, Urânia, Edgar, Letícia, Alcir...? Turismo Sustentável pra quê? Se o que querem é pegar o canudo, passar em concurso, fazer um estágio em algum lugar que venha a trazer status pro currículo. O que tem se visto de gente atuando nas instâncias aqui e fazendo joguinho sujo, joguinho de influência, politicagenzinha, tu não tem noção. É, o sexto semestre que tanto me inspirou na chegada ao curso agora me apresenta uma realidade difícil de ser superada, transposta, isso sem falar na questão hoteleira, mas aí seriam mais um monte de coisinhas que vamos deixar pra uma próxima. Parabéns pelo post.
*
síndrome de las vegas: tudo falso, tudo ao alcance da mão, tudo sem personalidade.
não ser vira ser.
- te linkei, certo? -
*
MAR... tomara mesmo que eu esteja em Praga, ou em qlq lugar cinzento do leste europeu, mesmo assim, queria ver as coisas acontecendo com responsabilidade, independente do lugar onde eu esiver, mas a gente vai indo, quem sabe um dia o setor turístico não esteja tão capitalista assim.
um bjo
CAMILA E DANI, ainda ontem estava navegando pelos canais fechados da TV e parei no OI MUNDO A FORA, adivinha... Dubai era a cidade visitada pela Mel Lisboa, e então fiquei sabendo que tudo aquilo fora construído em 3 anos, antes era tudo deserto, milhares de hotéis luxuosos empreenderam por lá, imaginem daqui 30 anos, o caos ambiental que será, eles afirmaram que não, porque as ilhas eram construídas com areia, mas e o lixo produzido pelos turistas e até mesmo pela manutenção de toda aquela estrutura. Vai ser um problemão se eles não tiverem um plano de S.O.S. natureza, vai ser um perigo pro meio-ambiente.
bjos
SEAN
seja bem-vindo, pode add sim e venha quando quiser, a casa é sempre sua!
=]
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