20.7.08

Faces esquecidas

Quantas faces guardamos na memória quando somos crianças? muitas... infinitas... os nossos pais, os avós, os primos, toda a família, cada um tem o seu lugar mnemônico, um objeto, um cheiro, um presente, simplesmente uma lembrança nos faz guardar os rostos que nos são apresentados como familiares. Os amigos da maternal, estes a gente raramente irá lembrar depois do primeiro ano de escola, centenas de gritos me vem a memória agora, é o recreio, vamos todos pular amarelinha no fundo do pátio da escola, sou a última a chegar. Risinhos e novas amigas, é hora da saída, vamos todas juntas para casa, já estamos crescidas, com 11 anos. Lembro de quase todas as minhas novas amigas, cidade diferente, sempre há uma mudança de cidade na pré-adolescência, parece até filme de sessão da tarde. Dia desses passei por uma das minhas amigas que tinham ficado só na lembrança, foi em um banheiro de restaurante de estrada, vi aquele rosto, emoldurado em cachinhos dourados, era a mais divertida, esperta e um pouco rabugenta, tinha um nome esquisito e soube por um desses sites de interatividade social que foi morar na Europa por uns tempos. O estranho é que o rosto dela era o mesmo da minha infância, mas o meu deve ter mudado, ou sou uma face esquecida, não disse nada, esperei para ver se aquela que dividia a água da torneira comigo teria um lempejo de recordação da menina nova da escola, eu. A água acabou automaticamente e saímos em busca da toalhinha de papel, e nesta jornada eu ainda continuava sendo mais um ser viajante. Acho que mudei muito desde os 11 anos, espero que sim.

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