31.8.06

mãos





Uma canção murmurada reprimida entre os lábios hummmhummmhumm embalava aquilo que os olhos fotografavam, e os olhos só viam as mãos. Mãos que uniam dois namorados. Mão que segurava a filha. mão que enlaçava o braço do avô. A mão que dava sinal de trás do vidro do caminhão, dizendo pra eu seguir em frente. hummmmhummm a canção continua... Vejo apenas mãos, seus sinais incansáveis. Saio da feira das bugigangas e lá estão elas, todas faceiras, lançando o baralho numa partida de pife no ponto de taxi. O murmúrio parou, mas as mãos continuavam lá, agora sustentavam uma criança no alto muro da praça dos enforcados, mãos que preparavam um churros pra moça na parada do ônibus. Mas as minhas mãos estavam vazias, restava-me apenas um sorriso agradável diante do espetáculo das mãos.

Palmas.


PLAC PLAC PLAC

4 comentários:

Devaneios em Série disse...

é com as mãos que redijo mais um elogio a minha amiga que com as mãos me alcançou fósforos e tornou um fato efêmero em algo infinito... Amo-te :)

Thaise de Moraes disse...

Não creio que as tuas mãos estejam vazias, na verdade, elas estão cada vez mais entrelaçadas com todas as mãos amigas que te rodeiam. :D
Como é bom ler um bom texto, e refletir sobre ele. bjo

Ana disse...

Mãos vazias, coração leve...

Acho que é uma sabedoria não querer conter as coisas, segurá-las, mas é tão difícil!

Fabio Fernandes Cruz disse...

grato.também meus olhos se alegraram com teus textos.